Tecnossauro: Como era antigamente

Eu trabalho em uma empresa de desenvolvimento de software há 7 anos. Neste tempo, convivi com muita gente, a maioria pessoas bem mais novas do que eu. Fiquei conhecido por minhas histórias de “antigamente” sobre tecnologia e o mundo em geral, mas recentemente parei para pensar e a maioria das histórias não foi há tanto tempo assim. Nos últimos 30 anos, o mundo mudou tanto que alguém como eu que viveu esta revolução tecnológica testemunhou e viveu em primeira mão uma série de inovações que mudou totalmente nosso modo de vida.

Robô Percial

Robô Percial

As duas maiores revoluções dos útimos 30-40 anos são certamente o microprocessador e, consequentemente, o microcomputador, e a internet. Imagine então um mundo sem computadores. Tecnologia se limitava a videogames simples e brinquedos de controle remoto. Alguns poucos com um nível de automação que poderia ser, com muita imaginação, considerado inteligência. Um exemplo disso é o robô Percival, que tive na década de 80. Ele era um boneco em formato de robô que andava controlado por controle remoto, poderia carregar coisas em seus braços, que travavam, mas não tinham qualquer automação, e tinha um jogo (Genius) na cabeça. Apesar de ser um brinquedo para os padrões de hoje extremamente simples, com a imaginação de uma criança, ele ganhava vida.

Com o microprocessador, hoje meus filhos têm brinquedos com inteligência própria, que interagem e até conversam com eles. Isto era ficção científica na minha infância. Brinquedos se tornaram inteligentes, videogames evoluíram para a realidade virtual e o mundo mudou para sempre. Com o microprocessador, começou a popularização dos computadores. Hoje é difícil achar uma casa que não tenha ao menos um computador, seja na forma de notebook, tablet, celular ou desktop. Isto abriu um mundo de novas possibilidades para trabalho e lazer.

Enciclopédia Britânica

Enciclopédia Britânica

Com a vinda da internet, este mundo de possibilidades ganhou escala global e hoje podemos jogar jogos com pessoas do mundo todo, online, comunicar instantaeamente com qualquer um em praticamente qualquer lugar do planeta e temos acesso a toda a informação, cultura, história e arte do mundo através da internet. Quando eu era criança, na época do Percival, informação vinha da enciclopédia. Eu tinha uma coleção da famosa Enciclopédia Britânica e fazer trabalhos de escola envolvia pesquisa e leitura nos vastos volumes da enciclopédia. Se o assunto exigia mais pesquisa, bastava andar até a biblioteca e fazer a pesquisa usando a classificação decimal de Dewey nas fichas de livros, criadas individualmente para cada livro! Hoje, basta entrar em um mecanismo de busca como o Google e pesquisar e você terá acesso aos acervos de bibliotecas e todo o conhecimento humano que está online.

A internet mudou também a forma de comunicar com os amigos e parentes. Quando eu era novo, para qualquer lugar que eu viajasse, eu mandava um cartão postal para minha avó. Cartões eram vendidos em qualquer lugar. Bastava escolher a foto, escrever um bilhete no verso, endereçar e colocar um selo para que seguisse para o destino. O tempo dependia da distância mas em no máximo 15 dias, ela recebia o cartão com a foto de onde eu estava. Para enviar fotos mesmo, eu tinha que tirar a foto, mandar revelar o filme, escolher a foto que queria mandar, mandar imprimir uma cópia da foto, escrever algo no verso ou em um bilhete ou carta, colocar tudo em um envelope, endereçar o envelope, colocar selos e mandar. Hoje, basta pegar meu celular, tirar uma selfie, mandar via email ou Whatsapp com uma mensagem. Em poucos segundos, está no destino. E ainda há gente que reclama da demora em entregar a mensagem quando demora alguns segundos ou minutos a mais. Eu tinha amigos no exterior e algumas cartas demoravam até 30-45 dias para chegar. E consideravamos normal.

Com estas duas invenções, nada é mais como era a meros 30-40 anos atrás, quando eu era criança. Converso com meus colegas, alguns com idade para serem meus filhos, e descubro cada dia uma ideia, tecnologia, invenção ou conceito novo e me sinto um verdadeiro tecnossauro! Felizmente, ainda não estamos em extinção, mas logo, não haverão mais testemunhas do estilo de vida que eu vivi, criando brinquedos com caixas de papelão, brincando na rua, frequentando bibliotecas e escrevendo cartas para os amigos e parentes.

Opinião Sobre Tudo: Geração A

Hoje em dia, as mudanças ocorrem com uma velocidade tão grande que uma nova geração é formada a cada 10 anos ao invés de 25 anos como era antigamente. Hoje vemos nas empresas várias gerações com conceitos e valores diferentes trabalhando juntos em harmonia. As classificações Baby Boomers, Geração X, Geração Y e Geração Z surgiram destas mudanças.

Para quem quer saber mais sobre as gerações citadas, visite este link, que contém uma explicação muito boa.

Tendo em mente a característica imediatista da geração Z, conectada à internet, querendo tudo já sem saber esperar – imagine uma destas pessoas mandando uma carta e esperando a resposta, o que poderia levar semanas! – eu sugiro que existe atualmente uma Geração A. As características da Geração Z se impermearam pelas outras gerações, especialmente os inseridos no mercado de trabalho atual.

As características desta geração, que transcende grupos etários e afeta pessoas de 5 a 50, se resume a uma palavra: Ansiedade. Observo isso diariamente. Se você voa com frequência, já deve ter percebido que ao aterrisar, o piloto mal para o avião e todo mundo já solta o cinto de segurança e disputa espaço nos apertados corredores para formar a fila para sair da aeronave ainda com portas fechadas. Em recente vôo, um ser altamente ancioso resolveu soltar o cinto antes do piloto autorizar e o avião acabou freiando bruscamente. Ele deu de cara com a bandeja de plástico do encosto do assento da frente, talvez ensinando-lhe uma lição de paciência e de que existe um motivo para aguardar a aeronave parar completamente e desligar os motores. Estas mesmas pessoas que soltam o cinto nos primeiros segundos da parada do avião são também aqueles que se levantam, tentam pegar seus pertences de mão e ficam em pé no corredor, espremidos, às vezes mais do que 10 minutos até abrirem as portas da aeronave. Enquanto isso, eu espero calmamente sentado e comfortável, sem me preocupar em correr! Geralmente encontro os anciosos no saguão de desembarque, mostrando que a sua anciedade não resultou em ganho de tempo praticamente algum. Em outro vôo em que paramos no pátio e não tinha o finger ligado à aeronave, eu fui um dos últimos a sair e descer até o ônibus, que estava esperando embarcarmos. Ou seja, todos os anciosos ficaram esperando até que todos desembarcassem. Chegando ao saguão do aeroporto, lá passo os anciosos novamente aguardando suas malas. Resultado: eles pegaram o taxi talvez 5 minutos antes de mim.

Neste assunto de viagem, não poderia deixar de mencionar uma colega minha que sofre quando viaja comigo. No aeroporto de Brasília, existem esteiras rolantes para ajudar os passageiros a chegar aos terminais novos, que ficam a uma distância considerável da área principal do aeroporto. Eu geralmente fico à direita, aguardando calmamente a esteira me levar enquanto observo as pessoas usando as esteiras para chegar mais rápido ao portão de embarque. Ela fica anciosa olhando minha calma, parado na esteira, sem pressa. Desnecessário dizer que ela é bem mais nova do que eu, ou seja, da geração A sem sombra de dúvida. Chegamos ao portão e ficamos aguardando às vezes 30 minutos para o embarque. Para que a pressa então?

A Geração A almoça às pressas também. Tenho um colega de trabalho que conseguiu ir almoçar em um shopping sem pagar estacionamento. Ou seja, ele estacionou dentro do shopping, andou até a praça de alimentação, pediu, recebeu seu pedido, comeu e voltou até o guichê para validar o seu ticket de estacionamento ainda dentro do período de cortesia! Almoçam sem aprecisar o que estão comendo. Ouço outros reclamarem da obrigatoriedade de uma hora para o almoço. É tempo demais!

A conclusão que chego com este assunto é que a geração A toma remédio para ansiedade, não consegue esperar por nada e geralmente sem bom motivo para isso. Estão sempre correndo porque é assim que aprenderam a ser. Não correm por estar com pressa ou por estar atrasados. Correm porque é assim que aprenderam a ser. Sofrem de ansiedade desnecessária e sem atingir objetivo algum, apenas por terem nascido em uma época em que tudo precisa ser rápido e não questionam o porquê disso. Apenas tomam mais um remédio e aceleram o passo. Bem-vindo à geração A.

BizTalk: Como instalar WSE 3.0 para Visual Studio 10

Recentemente, tivemos a necessidade de utilizar webservices no formato ASMX com autenticação WSSE. Com isto, tivemos que usar o WSE 3.0. O pacote, contudo, foi criado para Visual Studio 2005 e, ao tentar instalar para 2010, não apareceia no Visual Studio.

Após um pouco de pesquisa, encontrei alguns artigos online de como fazê-lo. Abaixo segue um tutorial de como fazer a configuração para poder utilizar WSE 3.0 no Visual Studio 2010.

  1. Feche o Visual Studio 2010, caso esteja aberto;
  2. Faça o download do WSE 3.0 e instale-o, conforme abaixo:
    (Link para download: http://www.microsoft.com/downloads/en/details.aspx?FamilyID=018a09fd-3a74-43c5-8ec1-8d789091255d);
  3. Instale o WSE 3.0 clicando duas vezes no arquivo baixado;
  4. Siga os passos da instalação:
    01 02
    Selecione a opção de Visual Studio Developer para instalar o perfil apenas para desenvolvimento no Visual Studio. No ambiente de produção, instale apenas o Runtime. Opcionalmente, instale o Administration.03 04 05
    Caso peça permissão para instalar, clique em SIM.06 07Se fez tudo certinho, deverá ver esta tela:
    08
  5. No Windows Explorer, abra a pasta:
    C:\ProgramData\Microsoft\MSEnvShared\Addins
    ou
    C:\Documents and Settings\All Users\Application Data\Microsoft\MSEnvShared\Addins
  6. Localize o arquivo WSESettingsVS3.Addin;
  7. Abra o arquivo no notepad para edição;
  8. Substitua o <Version>8.0</Version> por <Version>10.0<?Version>;
  9. Salve o arquivo;
  10. No Explorer, localize a pasta:
    C:\Program Files (x86)\Microsoft Visual Studio 10.0\Common7\IDE
  11. Localize o arquivo: devenv.exe.config e abra no notepad para edição;
  12. Adicione o trecho abaixo no final da seção <configuration>, antes do </configuration>:
     <system.web>
        <webServices>
            <soapExtensionImporterTypes> <add type=“Microsoft.Web.Services3.Description.WseExtensionImporter, Microsoft.Web.Services3, Version=3.0.0.0, Culture=neutral, PublicKeyToken=31bf3856ad364e35” />
            </soapExtensionImporterTypes>
        </webServices>
    </system.web>
  13. Salve o arquivo;
  14. Abra o Visual Studio 2010;
  15. Vá no menu Tools e clique em Options. Selecione Environment e o subitem Add-in/Macro Security e verifique que tem a seguinte entrada:
    %APPDATA%\Microsoft\MSEnvShared\Addins
    Se não tiver, adicione-a;
  16. Atualize as referências web do projeto.

 Pronto, seu Visual Studio conterá o plugin e o projeto poderá utilizar os recursos do WSE 3.0.

Parte das informações obtidas deste post:

http://www.sanderstechnology.com/2011/wse-3-0-support-in-visual-studio-2010/10648/#.Vlb4bHarTce

Para saber mais sobre WSE 3.0:

https://msdn.microsoft.com/en-us/library/aa139626.aspx

Opinião Sobre Tudo: Black Friday

O conceito de Black Friday é um dia no ano em que as lojas fazem promoções arrasadoras, com descontos absurdos, inimagináveis e impossíveis de manter por longos períodos de tempo. Preços com reais descontos de 80%, por exemplo, são encontrados na rede BestBuy. Os descontos são tão grandes que as lojas levam prejuizo em vários produtos para manter a tradição e incentivar o comércio. Produtos de R$1000 por R$200, por exemplo, são encontrados em lojas nesta data.

O conceito foi deturpado no Brasil, como tudo. Aqui rotulou-se um dia de Black Friday mas, como já é piada na boca do povo, é tudo pela metade do dobro. Em outras palavras, não há descontos verdadeiros e quando há, não são significativos. Tanto que, continuam por semanas e até se repetem ao longo do ano. No Brasil as empresas não levam prejuizo por nada, nem mesmo um dia no ano.

Para exemplificar, eu comprei há uma semana um novo forno de microondas da Cusinart para minha casa. Este forno estava na Americanas.com por R$399. Acabei comprando em outro site por ter o frete mais barato e na tal da Black Friday resolvi ver se tinha feito um mal negócio comprando uma semana antes do dia de “mega promoções”. Fui na Americanas.com e o forno estava com um destaque enorme falando de mega desconto. Estava de R$ 499 por R$ 398!!! Ou seja, deixei de economizar R$1,00 com a Black Friday. Fantástico.

Promoção Black FridayNão posso reclamar de tudo. Haviam produtos com descontos bons, mas não eram maiores do que anunciados no resto do mês. São, em sua maioria absoluta, produtos que estão fora de linha e encalhados nos estoques das lojas. As promoções destes produtos aconteceriam mesmo fora da tal da Black Friday. Hoje recebi um email da Americanas.com anunciando que ainda têm “preços de Black Friday”. Como falei, o conceito foi deturpado, desvirtuado e adaptado para a ganância típica do nosso país, onde lucro menor que 200% é impensãvel.

Black Friday está mais para Black Fraude, como até reportado pela revista FORBES. Mais uma vez, sinto vergonha de ser Brasileiro lendo um artigo em revista estrangeira denunciando a “esperteza” e ganância dos nossos empresários. Ainda estou para ver promoção de verdade ou descontos verdadeiros que não sejam fraude, como foi o caso da Máxima Eletro.

Opinião Sobre Tudo: Finados

Hoje é um dia para lembrar aqueles que nos deixaram. Mas lembramos a cada dia, quando sentimos um cheiro ou algum objeto disperta uma lembrança qualquer, arquivada em nossas memórias. Na semana passada fui ao mercado e ví uma embalagem de fécula de batatas e me lembrei da minha avó Aparecida, que sempre comprava pão de queijo de fécula para mim porque sabia que eu adoro. Vendo um cartaz de evento de informática, lembrei do meu mais antigo amigo Ruben Zevallos​ que provavelmente teria ido. Sobrevoando Brasília, me lembrei da minha sobrinha Gabriela Lemos​ e das inúmeras vezes que subi a estrutural em direção a Taguatinga Norte com ela e minha irmã no carro. Vi a Janaina Viggiano​ fazendo coisas para o Halloween e me lembrei o quanto a Vania Melo​ queria ter vindo visitar naquele natal. Vejo tanto da Vânia nela. Começo a escrevr um email e por alguma palavra me lembro da minha amiga Marge, que nunca conheci pessoalmente. Naquele mesmo ano, perdi as minhas duas avós, minha sogra e meu mais antigo amigo, meu irmão. E assim acontece todos os dias, me lembro das pessoas que marcaram minha vida, alguns já se foram, e outros ainda estão fazendo as pessoas sorrirem.

Isso tudo me faz sorrir, por lembrar das coisas boas que vivi com estas pessoas. Ao mesmo tempo, me traz lágrimas aos olhos ao me dar conta que estes momentos se foram e viverão para sempre somente em minhas lembranças, talvez nas histórias que conto para meus filhos. Momentos que se foram e nunca mais voltarão com pessoas que jamais poderei encontrar novamnete para fazer novas lembranças.

Aprendi que a vida é feita destes momentos e temos que aproveitar ao máximo, criando boas lembranças, pois a vida pode acabar a qualquer momento. Mesmo que seja pela morte, a vida como a conhecemos pode mudar para sempre. Aproveite cada momento e nunca esqueça tudo que já viveu e todos que já conheceu, pois todos tiveram um lugar em suas lembranças.

Opinião sobre tudo: Moto com segurança

Há cerca de dois anos, resolvi voltar a andar de moto. Nestes últimos 20 meses, observei o que os outros pilotos de moto fazem e não fazem e resolvi resumir minhas observações para, talvez, ajudar algum outro futuro piloto a evitar problemas.

Eu já cai de moto duas vezes. Contudo, as duas foram tombos mais do que quedas. Na primeira vez, eu aprendi uma lição valiosa. Sempre olhe para o chão antes de parar a moto e colocar o pé para apoiar. Neste dia, eu parei em um sinal, do lado esquerdo da pista, e não reparei que a boca de lobo estava sem a grade de metal. Resultado, não só fiz uma abertura forçada, mas fiquei com a perna presa dentro do bueiro e tive que pedir ajuda para sair e levantar a moto. Arranhei a lateral da moto e ainda fiquei uns dois dias com dores nas pernas. Sempre olhe antes de por o pé e certifique-se que o chão está lá!

Na segunda vez, eu escorreguei ao descer da moto. O piso da minha garagem era muito liso, eu estava de tênis e não botas e com o solado gasto e o piso estava molhado, resultado de uma chuva no dia anterior. Ao descer da moto, escorreguei e cai, batendo o ômbro no chão. Resultado: clavícula deslocada, muita dor e uma pequena deformação permanente para o resto da vida para me lembrar que moto se anda de bota e toma-se muito cuidado ao descer da moto.

Mas além de situações como estas, que são cotidianas e devem ser mencionadas, eu observei que os pilotos motoqueiros são, por via de regra, irresponsáveis e inconsequêntes. Pense bem, você está 100% exposto em cima de uma moto! Qualquer encostadinha leve pode resultar em sua queda. Qualquer batidinha pode ser um osso seu quebrado e meses de recuperação e dor. Então porque arriscar até mesmo a vida para ganhar alguns poucos minutos? O mais grave dos maus hábitos dos motoqueiros, em minha opinião, é o de transitar entre os carros em movimento. Quando forma-se o “corredor” e os carros estão parados, tudo bem, você arrisca somente alguém resolver embicar o carro para mudar de pista ou um pedestre distraído entrar na frente da moto. Mas em movimento, você arrisca um carro bater em você, nem que seja de leve, e te jogar no chão. Você arrisca levar uma fechada e possivelmente ser esmagado por dois carros. Você arrisca cair e o carro de trás passar por cima. Você arrisca. Ponto. Então porque tentar cortar o trânsito a 60km/h costurando entre os carros? Para chegar 5min mais cedo? Não, a maioria o faz porque acha que pode. Eu sou o velhinho da moto que transita no meio da faixa, como qualquer outro veículo, e só ultrapassa nas mesmas condições que faria se estivesse de carro. Sou o velhinho que usa seta para mudar de pista, para que os outros saibam das minhas intenções. Sou o velhinho que anda a menos de 100km/h numa pista de 60km/h, onde os demais estão correndo como se fugindo da própria vida. Nestas velocidades, qualquer erro pode ser fatal.

Então vamos aos conselhos para uma vida mais longa a bordo de uma moto: primeiro passo, compre um bom capacete. Não economize. Se não pode comprar um muito caro, compre um mediano, mas não comprei os de R$100 que parecem uma casca de ovo com isopor por dentro. Afinal, é sua cabeça. Bateu, estragou, acabou. Compre um bom capacete.

Denko Airbag

Denko Airbag

Use roupas adequadas. Vejo constantemente pessoas pilotando de bermudas e camiseta, totalmente desprotegidos e me olham como se eu fosse o louco, todo vestido mesmo em dias de sol. Ao cair de uma moto, você será jogado sobre o asfalto. Uma boa jaqueta e uma calça grossa poderão salvar sua pele, literalmente. Eu acabei ganhando uma jaqueta Denko Airbag, mas como é um produto caro, nem todos poderão comprar uma. Ela pode salvar sua vida. Vejam os vídeos no site do distribuidor nacional. Ao separar-se da moto, ela infla como um airbag e protege suas costas, pescoço e peito. Mas se não puder comprar uma destas, ao menos use uma boa jaqueta em couro. Couro é resistente e não se desfaz quando submetido ao atrito do asfalto, protegendo sua pele.

Compre uma boa bota. Eu uso um modelo à prova d’água da Texx. Ela é grossa com solado adequado e totalmente impermeável. Uma boa bota pode ajudar a evitar resfriados, mantendo seus pés secos, situações como a que eu falei acima onde eu escorreguei por falta de um bom solado, e ainda impacto de pedras e outros objetos durante a pilotagem.

Use luvas. Vejo muita gente pilotando sem luvas e admito que o frio é a menor das preocupações na moto. Sim, ela protege no inverno rigoroso de Curitiba, mas mais do que isso, se você cair, novamente, protegerá sua pele. Minhas luvas são impermeáveis também da Texx e, portanto, também ajudam a manter o corpo seco isolando as mãos e evitando entrar vento frio ou chuva pelas mangas da jaqueta. No verão, uso luvas finas, mas com protetores nas articulações, palma e costas das mãos.

No trânsito, lembre-se que ninguém está preocupado com você além de você e aqueles que te ama, então aprenda a prever a besteira e imprudência que os outros motoristas irão fazer. Não arrisque. Se tiver dúvidas, não faça. Um erro pode ser o seu último. Obedeça as leis, mesmo que você seja o único a fazê-lo. Não tente brigar, afinal, será uma luta injusta, já que a outra pessoa está armada com um carro e você, sem nada. A prudência é a única arma que você tem para tentar garantir seu bem-estar.

Por fim, besteiras que vejo no trânsito todos os dias:

  • Cortar pelo “corredor” em movimento;
  • Entrar no “corredor” a 60km/h;
  • Tentar fazer tudo isso enquanto em uma moto sem freios a disco, motor adequado, proteções ou sem você ter os reflexos necessários, que você só desenvolve após anos de pilotagem;
  • Achar que moto é invencível e entar “encarar” os carros, picapes e caminhões;
  • Achar que motorista de ônibus se importa se esmagar você contra outros carros;
  • Se enfiar na frente de um carro e achar que ele vai freiar;
  • Furar sinal vermelho;
  • Não respeitar sinalização de trânsito, como a placa de PARE;
  • Transitar pela calçada;
  • Tentar levar mais do que a capacidade da moto;
  • Pilotar de chinelos; e
  • Pilotar se proteção adequada e ainda fazer tudo acima.

Já te contei: Quem é este velho no espelho?

Como o tempo passou tão rápido? Você já teve a sensação de que acordou anos no futuro? A sensação de ter 20 anos e de repente acordar, se olhar no espelho e ver um homem de 42, com barbas brancas, calvo, com uma barriga saliente e muito menos musculatura do que lembrava ter? O tempo passa muito rapidamente e eu sempre falo que prefiro me arrepender do que fiz do que do que não fiz. Me arrependo de coisas que não fiz, mas em geral, fiz tudo que eu quis e pude. De repente, olho no espelho e me dou conta que eu envelheci. Não me sinto velho, não sinto que tenho 42 anos, mas tenho. E comecei a pensar no que é ser mais velho. O que eu achava que era velho quando eu era novo? Reclamar de dores pelo corpo, já está acontecendo. Se machucar à toa, sim. Começar a falar dos que se foram, também. Gostar de ficar em casa vendo TV ao invés de ir para a balada? Também. Reclamar da garota de hoje em dia? Ops, também. Há umas duas semanas estava conversando com uma colega de trabalho, que está com seus vinte e poucos anos, e fiz referência a seriados que ela jamais ouviu falar. Nem sequer dos atores ela lembra, exceto os poucos que fizeram aparição nos seriados atuais. Mencionei o Tom Selleck, que, para mim sempre será o Magnum, PI, e ela não saiba do que eu estava falando. Finalmente, mostrando ele no IMDB, ela comenta, “Ah, o namorado da Monica em Friends!”. E olha que Friends não é exatamente atual e ela assistia quando era adolescente! Falando com outro colega de trabalho, que tem menos de 30 anos de idade, mencionei que eu sou da turma de 89 da Escola Americana de Brasília e ele disse que nasceu em 1988! De repente notei que meninas de 20 anos que todos os caras mais novos que trabalham comigo acham maravilhosas, eu acho que são exatamente isso, meninas. Então pensei neste blog e me toquei que tenho tantas lembranças, tantas histórias, que consigo fazer um blog só para contá-las. Me senti mais velho ainda.

Eu cheguei à conclusão que envelhecer é uma degradação física, não mental. Você só envelhece mentalmente se quiser. Estas pessoas que são velhos por definição o são porque deixaram suas mentes envelhecerem. O corpo se vai, é verdade, mas a jovialidade, a criança interior, só se você deixar. E assim me mantenho jóvem com meus filhos, com o bom humor diário e me mantendo atualizado com o mundo, na medida do possível. Trabalhar com pessoas 20 anos mais novas também ajuda. Percebi que envelhecer fisicamente é inevitável, mas mentalmente, é uma escolha. Eu ainda me sinto jovem.

Acho que o segredo da vida é aproveitá-la ao máximo. Viver intensamente para ter histórias para contar. Viver e aproveitar. Conhecer o mundo, pessoas novas, viver aventuras. Ser esponâneo e viver cada dia como se cada um deles fosse uma benção, sem a certeza de que outros virão, mas ao mesmo tempo planejando o futuro para o caso de virem muitos dias ainda. E quando aquele velho no espelho olhar para você, lembrar que cada ruga, cada cabelo branco, cada espressão é uma história, uma aventura, um feito digno de lembrar e de contar.

Já te contei: Joie de vivre (Alegria de Viver)

O que dizer de alguém que mesmo depois de passar por horrores ainda te recebe diariamente com alegria, carinho e amor? Como descrever alguém que deixou seu passado negro no passado e vive o momento, aproveita a vida até o último instante? Este alguém certamente é feliz e nos ensina que felicidade é uma opção e não uma consequência. Podemos escolher sermos felizes ao invés de esperar a felicidade nos ser entregue ou ser resultado de outros atos. É uma escolha.

Há 10 anos, em uma visita para a nossa veterinária em Salvador, onde iamos sempre por amizade, por ajudar com a rede e sistema de computador e por gostar de ajudar a cuidar dos bichos que lá ficavam, nos deparamos com uma cena de cortar o coração. Um gatinho persa preto e branco completamente debilitado, sem um dos olhinhos, sem pêlos cabeça e ainda com os pêlos do corpo embaraçados e sujos. A dra. Ednary nos contou que este gatinho era pai do gato Mignon dela, que já conheciamos há tempos, e que tinha sido doado da família que deu o Mignon para ela, para uma família que obviamente não sabia criar gato de raça (ele era puro com pedigree!) e o deixou do lado de fora da casa, até na chuva, comendo restos de comida. Ele estava subnutrido e com avitaminose. E pior, havia apanhado, não se sabe se de um cachorro ou um ser dehumano (se fosse humano não faria isso) e a tal família (também subraça de ser humano) havia levado ele em um saco de mercado dizendo para ela sacrificá-lo. Claro que ela não o fez e cuidou dele. Mas ele estava com o coração partido, algo que veterinário não consegue curar. De tão deprimido, ficava no fundo da gaiola, deitado, sem dormir, sem comer, sem vontade de viver.

A minha esposa viu o gatinho e o estado dele e foi conversar com ele. Pela primeira vez em dias, ele se levantou e foi, cambaleando de tão fraco, para ela. Neste momento, ele havia adotado ela. Ela passou a visitá-lo diariamente enquanto estava na clínica se recuperando. Quando estava forte o suficiente para ir embora, nós o levamos para casa. No primeiro dia, ele ficou na caixinha transportadora. Só saiu para comer e achar o banheiro. Ele não havia sido treinado para usar caixa de areia então foi dentro do banheiro mesmo, em um lugar bem reservado. Ele sempre gostou de privacidade. No segundo dia, já ambientado e depois de conhecer nossos outros dois gatinhos, ele saiu da caixa e sem qualquer cerimônia, pulou em nossa cama. Eu estava deitado vendo TV ao lado de minha esposa e ele chegou, não gostou do que viu e prontamente se enfiou no meio de nós dois, como quem diz, ela é MINHA e quero ficar ao lado dela! Se afaste! Mesmo quando não havia espaço entre os dois, ele começava a se alojar entre os dois até conseguir nos afastar e ficar no meio dos dois, me separando da minha esposa.

Quem o conheceu depois deste dia, se não fosse pela falta do olho direito e a cicatriz na cabeça, onde os pêlos nunca cresceram suficiente para cobrir, jamais saberia o que ele havia passado, os horrores que haviam sido feitos com ele. Ele deixou tudo isso no passado e resolveu ser feliz em sua nova casa, com sua nova humana. Nós prometemos a ele que até o fim de sua vida, fariamos tudo para mimá-lo e agradá-lo e dar a ele a melhor vida possível. Resolvemos re-batizá-lo de Nonô em homenagem ao Nonô original, o maior gato que já conhecemos. Mas isto é outra história.

Uma característica do Nonô é que ele não miava. Talvez por sequela do que passou, ele não tinha voz. O miado dele era muito baixinho e só ouvidos treinados poderiam escutá-lo. Mas ele conversava do jeito dele, baixinho, com a gente o tempo todo. Muito carinhoso e amoroso, durante todo o tempo que ficou com a gente, nunca encontrou alguém que não gostasse dele. Ele tinha o dom de fazer até pessoas que não gostam de gatos abrirem uma exceção e gostarem dele! Todos os gatos gostavam dele. A Missy, a até então mais velha, amava ele em uma relação “amo te odiar” e brigavam o tempo todo, mas não deixava de procurar por ele todos os dias.

Depois de dois anos em Salvador, nos mudamos para Curitiba novamente. Ficamos um tempo morando com a tia da minha esposa e durante este tempo, o Nonô gostava de ficar no portão “vendo o movimento”. Porém, como ele era sempre muito amável e não tinha medo de ninguém, nem mesmo cachorros em sua maior parte, alguém o roubou do jardim! Ficamos desesperados e anunciamos em todo lugar possível com cartazes que ele havia desaparecido e que recompensariamos sua volta. Certo dia, uma senhora nos liga avisando que ele está perto da casa dela. Fomos correndo e achamos ele no meio de um mato. Ele correu para a minha esposa e pulou no colo dela, feliz em vê-la. Mais uma vez ela havia salvado-o. Ele estava magrinho de fome e com os pêlos em estado de calamidade. Depois de uma visita ao veterinário, suplemento vitamínio e um bom banho, lá estava ele novamente em casa, feliz. Sempre feliz. Durante todo este tempo, a Missy procurava por ele e chamava ele o tempo todo, sentindo falta de seu amigo, talvez o único gato de quem ela já gostou. Todo mundo amava o Nonô.

Em outra ocasião, quando já moravamos em um sobrado, ele fugiu de casa, para viver alguma aventura. Ele se perdeu e achamos ele uns dois dias depois, novamente sujo e com fome. Mas voltou e ficou feliz em voltar para casa. Ele havia sido salvo pela terceira vez por minha esposa.

Depois destas aventuras, ele sossegou e resolveu ficar sempre dentro dos portões, em segurança, ou, no máximo, ir até a árvore da vizinha curtir a sombra e ver o movimento. Como bom gato baiano, ele era calmo e tranquilo. Talvez tenha vivido tanto por dormir o tempo todo! Ele também adorava deitar dentro de um vaso grande que tinhamos com um limoeiro. Ele voltava para casa cheirando a limão! Mas todas as noites, ele entrava e ia dormir no pé da cama ou perto da minha esposa. Todos os dias. Os dois sempre foram inseparáveis. Ele sempre feliz.

Dez anos se passaram e ele sempre feliz. Mudamos para um apartamento e ele ia para o deck curtir o sol, sem medo dos urubus ou da altura do apartamento. Curtia dormir no sol, entrava para comer, pedia manteiga todos os dias para mim. Certa vez, viajamos e esquecemos de avisar para a moça que ficou cuidando do apartamento e deles do gosto dele por manteiga ou comidinha especial. Ele miava para ela (baixinho) até ela ir com ele até a cozinha. Ele apontou para a comida especial (sachê de Whiskas) e ela entendeu o que ele queria. Assim mais uma pessoa sucumbiu ao charme do Nonô.

Nonô no deck da piscina curtindo a vida

Nonô no deck da piscina curtindo a vida

Alguns meses atrás, ele achou a sua voz. Começou a miar alto e em bom som. Podia ser ouvido do outro lado da casa! Talvez uma última conquista em sua vida, recuperar seu miado. Uma característica que nunca vamos esquecer é como ele ronronava alto! Deitado e feliz, ele poderia ser ouvido do outro lado do quarto. Inspirado no termo “white noise machine”, batizamos ele de “black and white noise machine”. Aquele ronron era mágico e fazia qualquer um relaxar e dormir. Nos últimos tempos, ele andava ainda mais carinhoso, deitando ao lado da gente e acariciando nossos rostos com sua patinha peluda e macia. Ele dormia em qualquer lugar da casa e nós o deixavamos. Ele dormia até dentro da bacia de roupas limpas, sem que ninguém brigasse com ele. Ele ganhava o que queria, comida ou carinho, colo ou cama. Nós realmente mimamos ele ao máximo.

Nonô

Gatinho Nonô

No dia 13 de outubro de 2013, após quarto dias em um hospital veterinário, ele nos deixou. Ele não sofreu muito com um veterinário que cuidou muito bem dele. Ele já não conseguia manter a temperatura do corpo, ficando em encubadora, e convulsionava com frequência, já com função renal comprometida. Ele viveu 14 anos e nos deu 10 anos de alegria constante. Se tivesse triste, poderia sempre contar com o Nonô para te animar e te deixar feliz. E durante todo este tempo, ele foi feliz, opção que fez quando conheceu minha esposa pela primeira vez. Até o fim, quando ela se despediu dele, ele foi feliz e nos amou.

 

Lembre-se:

Ser feliz é uma escolha, independente do que aconteça com você em sua vida.

Hoje me senti no século XXI

Estamos em 2013 e até hoje, não havia me sentido no século 21 que eu imaginava quando eu era garoto. Para muitos da minha geração, o século XXI, depois de 1999, o mundo seria como um desenho dos Jetsons. Morariamos em apartamentos no céu, usariamos carros que voam, e teriamos robôs domésticos para cuidar de nossas casas, cozinhar, limpar e conversar. Desnecessário dizer que a virada do ano 2000 foi uma decepção ainda agravada pelo “bug do milênio”. Com tanta decepção, para mim ao menos, o século XXI ficou só nos livros de ficção.

Contudo, algumas inovações importantes foram feitas desde o final do século passado que mudaram o mundo para sempre. A mais importante, ao meu ver, foi a Internet. Esta rede de comunicação mundial mudou tudo. Cancelou até mesmo a evolução das nossas mãos, onde o dedo mindinho estava na lista de extinção. Hoje temos um repositório de todo o conhecimento humano, podemos conversar instantaneamente com qualquer pessoa e realizar quase tudo que precisavamos sair de casa para fazer à partir do computador, tablet, celular ou até mesmo SmarTV. Outra revolução que só pegou à partir da década de 90 é o telefone celular. Hoje no Brasil temos mais do que um aparelho por habitante! Ou seja, tem mais celulares do que pessoas no país! E com ele, o SMS também revolucionou a comunicação. Há alguns meses ouvi uma adolescente dizer para o pai que era para mandar SMS porque “ninguém fala mais ao telefone”.

Comecei a pensar nos aparelhos “smart” que temos hoje, em como fiz minha reserva de hotel e passagem por internet e paguei com meu cartão de crédito. Pensei nas compras no eBay, onde compro qualquer coisa de qualquer lugar do mundo e recebo em minha casa. Até mesmo restaurante agora têm aplicativos e sites para pedir comida.

Toda esta evolução tecnológica culminou para mim hoje, 8 de agosto de 2013. Estou em Porto Alegre a serviço e há alguns dias, eu instalei o aplicativo Easy Taxi no meu celular Android. Hoje amanheceu chovendo e frio então resolvi usar este aplicativo para tentar conseguir um taxi mais rapidamente do que ligar para a central.

Deixe-me formar uma imagem: eu estava em pé no saguão do hotel, acessando a internet à partir do meu celular, usando a Wifi do hotel. Eu solicitei um taxi pelo aplicativo, que mostra em quanto tempo aproximadamente ele chegará e até onde está o carro em um mapa.

Mas não foi ali que me senti no século XXI. Conversando com o taxista, ele me mostrou como funciona o aplicativo. Fantástico. Muito bem pensado. Comentei com ele que não era comum taxis em Porto Alegre aceitar cartão de crédito ou débito. Ele falou que havia acabado de criar uma conta no PagSeguro e que poderiamos testar pagar via cartão no próprio celular. No celular dele, ele anexou um leitor de cartão e instalou o app da PagSeguro. Passei o cartão, paguei e ainda recebi o comprovante por email!

Saindo do taxi que cheguei à conclusão que agora, sim, eu estava no século XXI. Eu pedi um taxi pelo celular usando a Internet, acompanhei a rota pelo Waze usando conexão 3G e paguei através de app no celular do taxista. Além disso, moro em um apartamento no céu (18 andar e para os padrões de hoje, nem é tanto assim), tenho robôs Roomba em casa para limpar minha casa automaticamente, com pouca intervenção humana e minha casa já tem um certo nível de automação que pretendo aumentar em breve. Só falta o carro voador. Estamos bem próximos ao futuro do desenho Os Jetsons, não concorda?

Opinião sobre tudo: Denial of a City

O dicionário American Heritage define denial nos termos da psicologia como uma recusa em aceitar ou acreditar em algo tal como uma doutrina ou crença. É um estado inconsciente, um mecanismo de defesa caracterizado pela recusa em se aceitar realidades, pensamentos ou sentimentos dolorosos.

Na minha opinião, a cidade de Curitiba sofre de uma recusa coletiva de que é uma cidade fria! Talvez seja resultado de algum desafio lançado há muito tempo em que alguma pessoa desafiou a outra a nunca dizer que em Curitiba faz frio e isto virou inconsciente coletivo, propagado eternamente. Talvez seja um desejo inconsciente de ser uma cidade quente.

O fato é que a cidade é fria boa parte do ano. Temos alguns meses de calor e alguns outros de tempo agradável, mas em sua maioria, é fria, igual a inúmeras outras pelo Brasil e pelo mundo. Não há como negar este fato. Além do frio, chove. E muito. É uma cidade fria e chuvosa. Longe de ser uma cidade quente e tropical, como acredito que todos gostariam que fosse. No entando, estas pessoas que têm este desejo consciente ou inconsciente de morar em uma cidade quente não se mudam.

O que me leva a esta conclusão é uma análise das contruções modernas da cidade. Vejam as casas construídas nos últimos 30 anos e compare com aquelas construídas pelos colonizadores e gerações passadas. Há 150 anos atrás, energia elétrica não era abundante. Não havia central de gás e muito menos gás encanado. Não se falava em isolamento térmico ou comforto térmico, mas os antigos já sabiam o que fazer para não congelar no inverno. Curitiba era uma cidade muito mais fria e aqueles que habitavam a terrinha há muito tempo desenvolveram tecnologias que tornavam as casas agradáveis e até quentes no inverno. Não havia preocupação com o verão, pois este durava pouco e não era tão quente.

Eu admito que o clima tem mudado, mas não o suficiente para justificar as construções dos últimos 30-50 anos. Antigamente, construiam as casas elevadas para não subir a umidade e frio do solo. Usavam estuque ou outros materiais para criar isolamento térmico nas paredes, que eram de madeira, já mais quente que alvenaria. Todas as casas tinham lareira ou fogão a lenha, para gerar calor e aquecer a casa e ficava aceso até o final do inverno, às vezes por todo o ano. Não se via pessoas em casa com vários casacos, cachecol e sentindo frio dentro da própria casa.

Há algum tempo fui visitar uma amiga e além de todos de casaco dentro de casa, haviam baldes para segurar a água das goteiras. Mas na garagem tinha um carro zero quilômetro, mostrando as prioridades da família. Algum tempo depois ela e mais alguns amigos foram até minha casa para um jantar e se admiraram como era quentinho dentro da minha casa. Passei a contar como tive que usar espuma para isolar as janelas, pois são janelas de cidade quente onde passa vento entre as folhas e há frestas por má instalação. Isolei as portas também com espuma adesiva no portal e um isolador embaixo do lado de fora para reter a água da chuva e com aquela cobrinha de areia pelo lado de dentro. Isolei ainda frestas e buracos nas paredes e forro por onde escapava calor. Com isto e um aquecedor a óleo, consegui aquecer a casa, que era construção antiga, feita com elevação de 30cm do chão e com um grosso carpete em cima das tábuas antigas, que eram isoladas e por onde não subia vento.

Todos ficaram admirados e alguns começaram a pensar em aquecer suas casas.

No prédio onde trabalho, que deve ter seus 20-30 anos também, até há isolamento nas janelas, mas as copas e banheiros têm uma janela fechada com uma persiana de alumínio que não abre nem fecha. Usar o banheiro no inverno implica em vestir todos os casacos e proteções que usou para vir do carro até a empresa e depois tirá-las para voltar ao trabalho. Isto para não mencionar que não há água quente nas torneiras, tornando o ato de lavar as mãos uma tortura nos dias bem frios. Lavar louças então? Nem pensar, lavo em casa, onde tenho água aquecida na torneira.

Alguns anos atrás eu fui ao Canadá. Reparei como as construções são feitas para aguentar o frio e o calor, reparei que ninguém usa casaco dentro de casa ou do trabalho e que todos os carros têm ar condicionado e aquecimento de fábrica. Reparei como as janelas são painel duplo ou triplo de vidro e algumas com um gás este os painéis que impede a passagem do frio. As portas são isoladas, com borrachas e espumas, e sempre abrem para fora para o vento não poder empurrá-las para dentro. Os prédios, lojas e construções em geral têm portas duplas para deixar o frio lá fora. Em todas as torneiras, há água quente – água esta que é até usada para aquecimento do imóvel usando radiadores.

Voltando para o Brasil, comentei com um colega sobre toda esta tecnologia e ele comentou que não precisa ir até o Canadá. No Rio Grande do Sul, de onde ele vem, já usam este tipo de tecnologia há muito tempo. Todas as casas são isoladas e projetadas para o frio. Pretendo viajar para o RS para comprovar isso, mas quem já foi atesta, lá não se passa frio dentro dos imóveis.

Diante de tudo isso, só posso chegar à conclusão de que a cidade inteira sofre de uma recusa coletiva em aceitar que a cidade é fria, de um desejo inconsciente de morar no litoral, no calor, e deixaram-se levar por este desejo, construíndo casas e edifícios como se estivessem em um local quente, sem ventos cortantes e gelados. Os Curitibanos que se manifestem e defendam porque deixaram paulistas e (possivelmente) baianos construírem imóveis aqui como se estivessem em casa!

 

de·ni·al

n.

1. A refusal to comply with or satisfy a request.
2.

a. A refusal to grant the truth of a statement or allegation; a contradiction.
b. Law The opposing by a defendant of an allegation of the plaintiff.
3.

a. A refusal to accept or believe something, such as a doctrine or belief.
b. Psychology An unconscious defense mechanism characterized by refusal to acknowledge painful realities, thoughts, or feelings.
4. The act of disowning or disavowing; repudiation.
5. Abstinence; self-denial.

[From deny.]
The American Heritage® Dictionary of the English Language, Fourth Edition copyright ©2000 by Houghton Mifflin Company. Updated in 2009. Published by Houghton Mifflin Company. All rights reserved.