Muitas pessoas pensam nos países desenvolvidos como sociedades meramente consumidoras, que não se importam com o meio-ambiente e onde as leis são rígidas a ponto de se viver como se estivesse em liberdade condicional.
No meu ponto de vista, esta percepção não poderia estar mais longe da verdade. Após apenas dois dias em Burlington, reparo em alguns sinais de respeito que já não lembrava mais que existiam.
Trânsito
O trânsito, por exemplo, é assunto que sempre discuto no meu blog, mostrando a falta de respeito e prudência dos motoristas brasileiros. Reparei nas minhas caminhadas como os motoristas respeitam as leis e até mesmo dirigem de forma mais sensata. Mas lembre-se que aqui reclamam dos motoristas, como se dirigissem muito mal. Imagme se uma destas pessoas viajar para o Brasil!
Os motoristas se mantêm em suas faixas, não costuram como loucos, tentando chegar cinco segundos antes dos demais. Ao mesmo tempo, ninguém dirige ridiculamente abaixo da velocidade permitida. Nem mais, nem menos. Ultrapassagens são feitas pela faixa da esquerda. Se o sinal mudar para amarelo, as pessoas não aceleram para tentar passar, mesmo que no vermelho. Não se ouvem buzinas aqui! Ouvi uma vez somente.
Se um motorista pede lugar, ele é atendido, sem brigas, sem acelerar para tentar fechar ele, como se ceder a vez fosse fazer da pessoa um ser inferior. Ao parar perto de uma saída de veículos, como de um supermercado, os motoristas não bloqueiam a saída. Param antes, quando o sinal abre, deixam os motoristas sairem do estacionamento, alterando um carro na via, um saíndo do estacionamento, como um balé bem coordenado.
Fiquei impressionado também com a faixa para pedestres. Nada daquela zebra no chão, são pistas, continuidade da calçada, marcadas de cada lado por uma faixa branca. Como as pistas são livres a direita, independente do sinal estar aberto ou não (ou seja, se for fazer conversão a direita, não precisa esperar o sinal abrir), existe uma separação especial na pista, com uma ilha entre esta “saída para a direita” e a pista principal. Se o pedestre quer atravessar, mesmo com o sinal aberto, os carros param nesta saída para permitir que o pedestre chegue à pequena ilha, onde está o botão para atravessar.
Basta esperar um pouco que logo o trânsito para de forma que permita atravessar com segurança. Se não conseguir chegar ao outro lado rápido suficiente, como pode acontecer com uma pessoa de idade mais avançada, os carros não ficam acelerando ou avançando tentando apressar o pedestre. esperam calmamente você não estar mais na pista para andarem. Ninguém buzina, ninguém reclama. Aguardam pacientemente.
Pensamento Ecológico
Já estou me sentindo mal por não ter sacolas, chamadas no Brasil de “eco-bags”, para fazer minhas compras. Em todo mercado ou loja que entro, no caixa, o atendente me pergunta educadamente se vou precisar de uma sacola. Como ainda não tenho minhas retornáveis, erro que pretendo ratificar ainda hoje, acabo aceitando. Te dão uma, talvez duas sacolas, se realmente necessário. Um colega ficou insistindo em pedir sacolas para uma caixa de mercado e a mesma já estava estressada, brava com ele por estar desperdiçando tantas sacolas! Esta é uma prática comum no Brasil, que em países com uma conscientização ecológica mais bem-trabalhada, já está acabando.
Este tipo de pensamento e respeito não é só resultado de uma economia mais estável. Claro que ajuda, pois se você mal tem o que comer, não vai ter tempo para preocupar-se com o meio-ambiente. Mas na minha opinião, é resultado de muitos e muitos anos de educação continuada. Este tipo de atitude começa nas escolas. Quando uma criança se torna um adulto, estes valores já fazem parte de seu modo de vida, tornando-se automático fazer estas coisas que para nós, brasileiros, são tão supreendentes e que admiramos tanto quando viajamos para outros países. Eu tenho esperança de que um dia nosso povo evolua a ponto de considerar estas atitudes mundanas. Só sinto que não estarei vivo para ver o Brasil neste estado de evolução, pois requer muito trabalho e um governo disposto a tornar o país uma grande civilização. Infelizmente não temos nem o governo nem o povo consegue superar sua preguiça. Mas o pior para mim é ter orgulho do “jeitinho brasileiro”.
É realmente uma pena o Brasil tão rico em natureza, e na diversidade de povos e afins, e ter uma política tão podre que é capaz de cada vez mais diminuir a educação do povo para continuarem no poder…
Por isso no MALDITO orgulho do Jeitinho BR.
Abraço…
Posso ir pro Canadá também?? T-T
Claro! Pode vir! Tem vôo quase todo dia hehehehehe
Pois é Márcio, amo este pais aí, mas o povinho é outra história.
Tirando a neura da sacola, beleza. Se não tiver sacola, pra colocar o lixo da cozinha e banheiro, vai colocar no quê ? Comprar sacos plásticos ?
Isso mesmo! Tem que comprar saco de lixo. Ninguém usa saco de mercado no lixo! Pior, se quer sacola, o mercado te da uma ou duas, mas as lojas mesmo (comprei uma máquina de cortar cabelos hoje) cobram 0,05c por uma sacola!!! A ideia é economizar, eliminar o uso de sacos plásticos. Atitude ecológica! Os sacos de lixo são feitos de material reciclável e depois são re-reciclados pelo que entendi.
A única diferença é que não vejo muita separação de lixo. Na SITA vejo que tem em todas as baias duas latas, mas só vejo o povo separar latas e caixas. Aqui no hotel a mulher aparentemente não entendeu que eu estava separando o lixo! hahahaha Mas enfim, vai que é mais fácil ou barato separar lá no “lixão”? Sei lá.
bom, em vez de implicar com as sacolas, por quê não as fazer de material reciclável ?
Não sei bem porquê, mas não visualizo um dep. de lixo canadense com catadores e urubus pro meio, ou uma instalação de reciclagem no depósito … mas também depende do perfil do lixo, vai que o daí tem bem menos material reciclável no meio e nem compensa separar quando chega lá ..
( ou eles colocam em navios e vendem pra china … )
Boa Silvio! Não sei bem o que fazem, mas certamente têm centros de reciclagem e separação, mas aposto que é tudo automatizado, não vejo o POVO aqui separando lixo. Talvez os urubus! Vou pesquisar, agora estou curioso, mas sei que é feito, só não sei bem como!