Certa vez dois amigos meus e eu decidimos ir para o sul de Minas Gerais para passar o carnaval. Como era uma cidadezinha do interior, não pensamos em fazer reserva em um hotel. Claro, quando chegamos lá, nenhum hotel tinha vaga porque aparentemente muita gente pensou em passar o carnaval lá também. Então a melhor coisa a fazer era curtir aquela noite na cidade e depois procurar uma cidade vizinha e dormir por lá. Em Minas muitas cidades ficam a 5 ou 10 km uma da outra, então é razoável pensar que teria uma por perto com uma pousada ou hotel que poderiamos ficar.
Depois de aproveitar a primeira noite de carnaval, lá pelas tantas resolvemos ir procurar um lugar para dormir. Saíndo da cidade, encontramos um motel com preço em promoção. Como estudante é tudo duro, esta opção parecia a melhor! Pagariamos só pelo tempo que estariamos usando o quarto, teria como tomar banho e o valor era quase metade de um quarto de hotel. O único problema é que estavamos em 3 pessoas. Isso poderia gerar custos adicionais ou até fazer com que nos barrem na entrada. Não tinha como saber se aquele motel tinha alguém olhando na entrada. Como eu era o motorista e um dos amigos era, digamos, corpulento (você sabe, 1,90m 110kg), resolvemos que o terceiro amigo, bem mais magro e um pouco mais baixo que eu, se esconderia na mala do carro. Afinal, é mais fácil entrar um “casal” do que um trângulo amoroso! 🙂
Entramos no motel e ao invés do tradicional interfone, encontramos uma janela. Mas a janela era pintada, deixando apenas uma abertura no final para passar dinheiro, cartões, documentos e assim por diante. O atendente me perguntou o tipo de quarto que gostariamos, informou os preços e após pagar, nos deu uma chave e orientação de como chegar ao quarto. Parecia que ele não tinha nos visto que eram dois homens no carro! Sucesso.
Chegamos ao quarto, estacionei na garagem, desci, puxei o toldo e todos sairam do carro, inclusive o terceiro homem “oculto”. Chegando no quarto, eu percebi que tinha uma enorme banheira de hidromassagem. Era lá mesmo que eu iria dormir! Os outros dois que se entendessem com a cama de casal redonda!!! Eu peguei o colchonete que tinha no carro e tomei posse da banheira. Resultado: um na banheira, meu amigo “maior” na cama e outro, magrinho, no chão.
Uma boa noite de sono depois, estavamos prontos para a novas aventuras. Saí do quarto para colocar o colchonete e minha mochila no carro. Chegando na garagem eu noto um homem, de cerca de 35 anos, meio calvo e com um bigode digno de filme pornô, pintando a frente da parede da garagem, pelo lado de fora, olhando para dentro pela fresta entre o toldo e a parede. Aquela parte da parede deveria ter umas 200 demãos de tinta já, pelo tempo que ele deveria estar ali pintando. Certamente estava lá para ver o “casal” que tinha alugado o quarto! Pois é, pensei que não tinham nos visto, mas alguém viu. E espalhou a notícia. Pensando rápido, resolvi falar com o sujeito, já que ele não poderia nos ver escondendo o terceiro ocupante na mala! Me aproximei do toldo e ele me viu e disfarçou. Pedi a ele que pintasse outra parede, pois minha namorada era tímida e não gostaria que tivesse alguém vendo ela sair do quarto! Contendo meus risos, assisti ele se afastar e ir para outra parede.
Escondemos o terceiro amigo na mala e guardamos as mochilas no banco de trás. Levantei o toldo e comecei a afastar o carro. Num momento Mastercard, vi o pintor, com um cigarro quase caíndo do canto da boca aberta, o queixo caído, enquanto ele acompanhava o carro afastando e vendo que a minha “namorada tímida” era, na verdade, um sujeito de vinte e poucos anos e uns 120kg!!! O pintor acompanhou o carro até sairmos da área de visão dele, pintando o ar perto da parede e equilibrando o cigarro no canto da boca! Eu fico só imaginando os comentários na cidade durante aquele carnaval!