Quando eu morava em Brasília há muitos anos atrás, o governo havia implementado um programa de reciclagem exemplar. Em cada dia da semana seria recolhido um tipo de lixo. Não lembro exatamente os dias, mas digamos que fosse às segundas papeis e plásticos, quarta somente vidro, sexta somente metais, terça, quinta e sábados, lixo orgânico. Parecia funcionar de forma eficiente. Por toda a cidade haviam latas para os diferentes tipos de lixo e nos prédios, tinhamos latões por tipo de lixo. Havia punição com multa se alguém colocasse o lixo errado nos latões e os condomínios seriam multados se colocassem o latão errado para coleta. Infelizmente, o programa em Brasília foi cancelado alguns anos depois e hoje os Brasilienses têm apenas uma vaga lembrança daqueles tempos mais ecológicos.

Em 1999 nos mudamos para Curitiba e aqui já havia um programa de reciclagem chamado de “lixo que não é lixo”. Não é um programa tão complexo quanto o implementado em Brasília, mas parecia funcionar bem. O lixo reciclável passa duas ou três vezes por semana, alternando com o lixo orgânico. Contudo, parece que a reciclagem ainda não havia chegado a todos, apesar do programa existir há muitos anos e a prefeitura ter investido em publicidade. Contratamos certa época uma faxineira e em seu primeiro dia, eu mostrei o latão para lixo reciclável e as latas de lixo orgânico e pedi que ao final do dia, colocasse o lixo orgânico na lixeira para a coleta. Quando cheguei ao final do dia, notei vários sacos grandes na lixeira e achei curioso, pois não sabia que tinhamos produzido tanto lixo em poucos dias! Entrando pela porta de serviço, notei que o latão de lixo reciclável estava com saco novo. Procurei por onde ela teria deixado o lixo, para que eu pudesse colocar no dia seguinte, mas não achei. Como era o primeiro dia dela, ela ainda estava por lá. Perguntei a ela e ela me disse que estava lá fora, na lixeira.

Ela havia misturado todo o lixo que tivemos tanto trabalho de separar. Perguntei se ela não havia entendido que nós separavamos e ela respondeu dizendo que era bobagem, que chegava tudo no lixão e misturavam tudo novamente, que esta tal de reciclagem era tudo mentira!

Desde então, vejo cada dia mais as pessoas separando o lixo. Há debates se compensa reciclar, do ponto de vista financeiro, ou se é melhor jogar tudo fora e esperar a decomposição natural. De qualquer maneira, ninguém discorda que é melhor para o planeta, mesmo que custe um pouco mais. Com o aumento do valor pago pelo material reciclável, como papel e papelão, plásticos e metais, surgiram os “carroceiros”. Hoje, acredito que poderiam aposentar os caminhões do “lixo que não é lixo”, pois quando passam, os carroceiros já levaram tudo há muito tempo 🙂

Na empresa onde trabalho, recentemente implementaram latas separadas para tipos de lixo. Embora ainda falte latas, forçando a todos levar o lixo até a copa, muitos têm consciência ecológica e superam a preguiça para levar o lixo para o destino certo.

Por fim, pergunto a você. Você recicla? O que você acha da reciclagem? Você gastaria mais ou teria mais trabalho ou esforço para reciclar? Conte nos comentários o que você faz (ou não) para colaborar com o planeta.

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